Pretos - velhos na Umbanda
Para falar dos pretinhos-velhos é preciso resgatar uma lamentável época
da história da nossa colonização: a escravidão dos negros africanos. As grandes
Metrópoles (Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc.) subjugavam suas
colônias, fazendo dos negros mercadorias,
objetos sem direitos ou alma.
No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos
XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII. Os primeiros grupos que
vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubas; geges;
hauçá; minas e malês. A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza
colonial, custou-nos quatro séculos, do XV ao XIX, de exploração escancarada
(entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas). Um contingente
que constituiu uma parte considerável da população local.
Desse contexto, é importante perceber como seus cultos eram a forma dos
escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. A “macumba” era, (e ainda é!)
um ritual de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas,
danças e cantos representavam maneiras de aliviar a asfixia da escravidão.
Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir – mesmo de
maneira precária – uma união representativa da língua, do culto aos Orixás e
aos antepassados e, tornaram-se, assim, um elemento de referência para os mais
novos. Quem refletia os velhos costumes da Mãe África. Assim, eles conseguiam
preservar e até modificar, no sincretismo, parte importante de sua cultura e
sua religião.
Hoje, pensar na corrente das alma – essa linha tão bendita que, humildemente
celebramos no mês de Maio – é o mesmo que pensar nessas milhares de espíritos
que desencarnaram, cada qual, em situações bastante adversa, mas que hoje
voltaram para a prática da caridade e do aprimoramento moral e espiritual. Até
porque, muitos eram os que morriam precocemente, daí a missão desses espíritos
em dar continuidade em seus adiantamentos, por partirem quando suas missões
ainda não estava totalmente cumprida.
Muitos ainda, usando seu linguajar característico, praticando os
sagrados rituais do culto, utilizados desde tempos imemoriais, manifestaram-se
em indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua ascendência
(linhagem), costumes, tradições e cultura. A legião de espíritos chamados
“pretos - velhos” foi formada no Brasil, como parte integrante e fundamental do
Culto aos Orixás.
o
Detalhe curioso: As cores preta e branca são usadas porque, sendo os Pretos -Velhos
almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e
branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora,
semente cinza com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros,
porque era o material mais fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja
planta era encontrada em quase todos os lugares.
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Roupas: Preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas-Velhas às
vezes usam lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos-Velhos às vezes usam chapéu
de palha.
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Bebida: Café preto, vinho tinto, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes
misturam ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).
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Dia da semana: Segunda-feira
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Planeta regente: Saturno
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Cor representativa: preto e branco;
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Saudação: “Adorei as Almas”
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Fumo: cachimbos ou cigarros de palha.
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